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  • Família: Myrtaceae

  • Gênero: Eucalyptus

  • Subgênero: Eucalyptus

  • Espécie: Eucalyptus benthamii Maiden et Cambage

 

Área de origem e clima

O Eucalyptus benthamii é encontrado em áreas limitadas ao oeste da cidade de Sidney, em planícies ao longo do rio Nepean e seus afluentes (Figura 1), geralmente em altitudes inferiores a 100 metros e em latitudes próximas a 33°S (no Brasil, corresponde ao centro-sul do estado do Rio Grande do Sul) (Higa, 1999). Naturalmente, essa espécie apresenta preferências por solos férteis das partes planas de deposição de rios. Devido a isso, tornou-se vulnerável com a expansão da fronteira agrícola, já que grande parte de sua população original foi cortada para a formação de pastagens. Sendo assim, é considerada uma espécie ameaçada de extinção (Higa, 1999; Silva, 2008).

Onde há a ocorrência natural da população, a temperatura média máxima é de 26°C e a temperatura média mínima é de 4°C, com ocorrência de geadas leves entre 4 e 10 vezes por ano. A precipitação anual é de 1100 mm com picos moderados no verão e outono (Higa, 1999). Segundo Silva (2008), os solos são moderadamente férteis, aluviais e frequentemente apresentam argila numa profundidade de 0,5 a 1 metro.

 

Descrição botânica

De acordo com Nisgoski et al. (1998), a espécie (Figura 2) apresenta as seguintes características:

  • Casca: persistente, fina, compacta, tendendo a formar pequenas tiras longitudinais as quais são aderentes apenas em parte (Figura 3).

  • Folhas jovens: opostas, sésseis, largamente oblongo ovadas a ovadas, subglaucas, textura moderadamente fina (Figura 4).

  • Folhas intermediárias: opostas a subopostas, sésseis ou com pequena haste, lanceoladas, verdes, textura moderadamente fina (Figura 5).

  • Folhas adultas: alternas, longas hastes, lanceoladas; verdes, algumas podem possuir textura fina (Figura 6).

  • Inflorescência: axilar, 4-7 flores, pedúnculos com 0,5 cm de comprimento, pedicelos com 0,25 cm.

  • Botão: oval a clavado, na parte sul forma opérculos hemisféricos e subglaucos, no norte apresenta forma cônica e dificilmente glauco.

  • Fruto: hemisférico a campanulado, subglauco quando imaturo; disco estreito, levemente convexo ou mais ou menos iguais, 3-4 valvas.

  • Madeira: cerne e alburno distintos, cerne de cor marrom avermelhada e alburno amarelo rosado, dureza moderada, textura fina a média, grã irregular, cheiro e gosto imperceptíveis; possui densidade básica de 470 kg/m³.

O florescimento de E. benthamii na Austrália ocorre durante os meses de março a maio, mas pode haver variação entre os indivíduos quanto à época e intensidade. Entretanto, os botões florais podem ser encontrados durante todo o ano. Já a coleta de frutos maduros se dá entre junho e dezembro (Brondani, 2008). Na natureza, a frutificação pode ser observada em plantas jovens com cerca de 5 m de altura e com idade entre 6 e 10 anos (Pryor, 1981).

 

Usos potenciais

Os usos potenciais da espécie são lenha, carvão e celulose. Segundo Lima et al. (2009), a madeira e o carvão de E. benthamii apresentam características satisfatórias para serem utilizados como biomassa para produção de energia, tendo potencial para ser utilizadas em alto-forno da indústria siderúrgica. Já a utilização da madeira para serraria não é recomendada, visto que apresenta empenamentos e rachaduras internas durante a secagem, além de rachaduras de topo das toras e tábuas (Higa e Pereira, 2003).

 

Silvicultura

De acordo com Graça et al. (1999), a espécie possui alta resistência a geadas, rápido crescimento, alta homogeneidade do talhão e boa forma de fuste. Deste modo, a espécie mostra-se promissora em relação a plantios em regiões onde ocorrem geadas frequentes e severas como no sul do Brasil (Figuras 7 e 8), como também em áreas montanhosas de Minas Gerais (EMBRAPA, 1988). Em outros países, como África do Sul e China, a espécie também é considerada potencial em regiões de ocorrência de geadas (Higa e Pereira, 2003).
Na literatura, não há muitos resultados de produtividade de plantios com E. benthamii, provavelmente devido à restrita área de ocorrência natural e à ocorrência de incêndios que limitaram a produção e coleta de sementes da espécie (Benson, 1985).
Na região de Dois Vizinhos, no Paraná, Higa e Carvalho (1990) obtiveram num experimento, taxa de sobrevivência de 70%, altura média de 16 m e DAP médio de 15 cm aos 45 meses de idade, concluindo que a espécie possui grande potencial de produtividade. Já Benin et al. (2014) avaliaram o crescimento inicial de E. benthamii nos primeiros 3 anos e chegaram a conclusão que o melhor espaçamento seria de 2 x 3 m, com produção de 66,55 m³/ha, ao final dos 3 anos.

De acordo com Mendoza (1983), no noroeste da Argentina, na província de Jujuy, a espécie apresentou excelentes resultados, com uma taxa de sobrevivência de 85% e produtividade de 34 m³/ha/ano aos 7 anos de idade.

 

Suscetibilidade a pragas e doenças

Em viveiros, a espécie está sujeita a algumas doenças. Schultz (2010) diagnosticou tombamento de mudas e podridão de miniestacas causado por Botrytis cinerea e Rhizoctonia sp., manchas foliares causadas por Pestalotiopsis sp., Cylindrocladium candelabrum e Hainesia lythri e estrangulamento da haste causada por Pestalotiopsis sp, sendo este último o fungo com maior incidência.
Já para árvores em plantios, podem ser encontradas principalmente manchas foliares causadas por Cylindrocladium candelabrum e cancro causado por Botryosphaeria dothidea (Schultz, 2010).
Em relação a pragas, não há muita informação na literatura. Entretanto, Rosado et al. (2014) avaliaram duas espécies de formigas do gênero Acromyrmex (quenquém), que não se mostraram muito atraídas pelas folhas de E. benthamii, em comparação a outras espécies de eucalipto.

 

Figuras

Figura 1. Área de origem do E. benthamii na Austrália (fonte: Australia's Virtual Herbarium 2015).

 

Figura 3. Casca de E. benthamii aos 11 anos de idade no TUME 0, Itatinga-SP.

 

Figura 5. Folhas juvenis de E. benthamii (fonte: Office of Environment and Heritage – NSW Government).

 

Figura 7. Plantio de E. benthamii com 6 anos em Guarapuava-PR (fonte: Embrapa).

Figura 2. Árvore adulta de E. benthamii (fonte: Nicolai, 2010).

 

Figura 4. Folhas de E. benthamii jovens (fonte: SFA Dendro).

 

Figura 6. Folhas adultas de E. benthamii (fonte: Office of Environment and Heritage – NSW Government).

 

Figura 8. Distribuição dos principais plantios comerciais e experimentais de Eucalyptus benthamii no sul do Brasil até o ano de 2010 (fonte: Schultz, 2011).

 

Referências

Australia's Virtual Herbarium 2015. Eucalyptus benthamii. Acesso em: 20/10/2015. Disponível em: link. 

 

Benin, C.C.; Wionzek, F.B.; Watzlawick, L.F. Initial assessments on the plantation of Eucalyptus benthamii Maiden et Cambage deployed in different spacing. Applied Research & Agrotechnology, Guarapuava, v.7, n.1, p.55-61, 2014.

 

Benson, D.H. Aspects of the ecology of a rare tree species, Eucalyptus benthamii, at Bents Basin, Wallacia. Cunnighamia, v.1, n.3, p.371-383, 1985. 

 

Brondani, G.E. Miniestaquia e micropropagação de Eucalyptus benthamii Maiden et Cambage X Eucalyptus dunnii Maiden. Diss. Universidade Federal do Paraná, 2008.


EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Florestas. Zoneamento ecológico para plantios florestais no estado de Santa Catarina. Colombo, 1988. 113 p. (Embrapa CNPF. Documentos, 21).

 

Graça M.E.C.; Caramori, P.H.; Bootsma, A.; Oliveira, D.; Gomes, J. Capacidade de rebrota de Eucalyptus benthamii. Boletim de pesquisa Florestal, Colombo, n. 39, p. 135-138, jul./dez. 1999.


Higa, A.R.; Carvalho, P.E.R. Sobrevivência e crescimento de doze espécies de eucalipto em Dois Vizinhos, Paraná. Silvicultura, São Paulo, v. 2, n. 42, p. 459-461, 1990.

 

Higa, R.C.V. Aspectos ecológicos e silviculturais do Eucalyptus benthamii Maiden et Cambage. Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n.38, p.121-123, jan/jun 1999.  

 

Higa, R.C.V.; Pereira J.C.D. Usos potenciais do Eucalyptus benthamii Maiden et Cambage. Colombo: Embrapa Florestas, 2003 (Comunicado Técnico no. 100). 4p.

 

Lima, E.A.D.; Silva, H.D.D.; Thomaz, D.T.; Helm, C.V. Avaliação da madeira e do carvão de Eucalyptus benthamii para fins energéticos. In: Congresso Brasileiro sobre Florestas Energéticas, 1, 2009, Belo Horizonte. Colombo: Embrapa Florestas, 2009.

 

Mendoza, L. Notes on Eucalyptus benthamii in Argentina. In: Colloques International Sur Les Eucalyptus Resistants Au Froid, 1983, Bordeaux. Annales. Bordeaux: IUFRO, 1983. p. 480. 

 

Nicolai, R. Camden White Gum Eucalyptus benthamii Fowler Res Wallacia. Happy days 09. Acessado em: 14/12/2015. Disponível em: link.


Nisgoski, S.; Muñiz, G.B.; Klock, H. Características anatômicas da madeira de Eucalyptus benthamii Maiden et Cambage e sua influência na qualidade do papel. Curitiba: UFPR, 1998, 8 p.

 

Office of Environment and Heritage – NSW Government. Camden White Gum – profile. Acesso em: 30/11/2015. Disponível em: link. 

 

Pryor, L.D. Australian endangered species: Eucalyptus. Canberra: Commonwealth of Australia. 1981.

 

Rosado, J.L.O.; Loeck, A.E.; Freitas, D.F.; Gonçalves, M.G.D.; Dröse, W.; Cunha, U.S.D.; Finkenauer, E. Preferência de corte de Acromyrmex crassispinus (Forel, 1909) e Acromyrmex ambiguus (Emery, 1887) (Hymenoptera: Formicidae) por diferentes espécies de eucaliptos em laboratório. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 24, n. 4, p. 869-875, out.-dez., 2014.

 

Schultz, B. Doenças bióticas e abióticas em Eucalyptus benthamii Maiden. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal), Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011.

 

SFA Dendro. Myrtaceae Eucalyptus benthamii - Camden white gum. Acesso em: 20/10/2015. Disponível em: link.

 

Silva, L.D. Melhoramento genético de Eucalyptus benthamii Maiden et Cambage visando a produção de madeira serrada em áreas de ocorrência de geadas severas. Tese de doutorado. Universidade Federal do Paraná. 275p. 2008.
 

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Escrito por:  Vitor Vannozzi Brito (Dezembro/2015).

 

Eucalyptus benthamii

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